terça-feira, 16 de novembro de 2010

Silvio Santos e Boas Lições de Investimentos


Na semana passada vimos no mercado o escândalo de suspeita de fraude ocorrido com o Banco Panamericano, pertencente à família do Grupo Silvio Santos. Não vamos nos ater aqui aos detalhes desse imbróglio, somente vou citar algumas manchetes desse caso vergonhoso no setor financeiro nacional.

Após terem sido constatadas inconsistências contábeis no balanço patrimonial do banco, as quais não refletiam a real situação do banco, que possuía um rombo bilionário nas suas contas, o qual não constava nos registros contábeis. Após essa descoberta, o acionista majoritário Grupo Silvio Santos fez um aporte de capital no valor de R$ 2,5 bilhões, sendo que para isso teve que deixar todos os seus bens como garantia, junto ao Fundo Garantidor de Crédito.

Problema resolvido então? Infelizmente não. Logo nos dias seguintes, agências de classificação de risco reavaliaram seus ratings em relação ao Banco Panamericano, algumas inclusive retiraram suas notas de classificação, dizendo ser impossível dar continuidade ao monitoramento do risco do banco. Os investidores viram as ações do banco despencarem mais de 37% na semana.

Nesse momento o que está em discussão é quem vai levar a culpa pelo rombo nas contas do banco. Boatos de mercado apontam até envolvimento de pessoas ligadas ao governo e ao Banco Central, acusado inicialmente de ter sido negligente com o problema. Além dos controladores do banco, os diretores estão sendo acusados de fraude e as empresas de consultoria juntamente. Inclusive hoje, o Grupo Silvio Santos suspendeu um pagamento de R$ 1,6 mi à Deloitte, consultoria contratada pelo banco para auditar suas contas.

No final das contas o maior prejudicado nessa história acaba sendo o investidor e acionista minoritário, diga-se de passagem, “menor-otário”. Até o bom e velho Silvio Santos se disse traído, pois simplesmente investia no banco e não estava por dentro da situação real do mesmo. Porém, para manter o orgulho vivo, o empresário resolveu bancar o rombo colocando em garantia praticamente todos os seus bens, inclusive o SBT. Diz a piada que “agora sim é que a pipa do vovô não sobe mais”. Enfim, triste notícia de um lado, ótima lição de outro.

A primeira lição e mais importante disso tudo é que jamais devemos fazer como fez Silvio Santos. Por mais que você seja um mega investidor bilionário, é bom que você saiba onde está colocando seu rico dinheirinho, quem estará tomando conta dele e além de tudo, procure conhecer o seu negócio. Além do mais, como já dizia o sábio Warren Buffett, “você deve investir em uma empresa que até um imbecil consiga administrar, porque um dia desses, um imbecil o fará”.

Outra lição fica por conta das análises de investimento. Muitos economistas, analistas e investidores comentam muito a necessidade de se investir em empresas com bons fundamentos e sou obrigado a concordar com eles, porém em partes. Bons fundamentos são necessários a um investimento seguro. Porém como ter certeza se os fundamentos contábeis são confiáveis? No caso do Banco Panamericano, até ser descoberta a fraude, os fundamentos até demonstravam certa atratividade para investidores um pouco mais arrojados e vimos no que deu.

Sendo assim, ao avaliar um investimento, o mais adequado é trabalhar com outros campos de análise, não somente o fundamentalista. Mesmo sendo de muita valia, pode acabar traindo o investidor. Existem outras áreas de análise de investimentos tão competentes quanto ou até mais, a Técnica ou Grafista e a Estatística. Estas tendem a não se deixarem enganar por possíveis fraudes ou falhas nas demonstrações contábeis, trazendo mais segurança ainda aos seus investimentos.

Por último, sempre procure saber o suficiente sobre o negócio em questão, o mercado em geral e a economia, sendo o mais indicado inclusive, procurar conselhos de uma pessoa especializada no assunto e que seja de sua confiança.

Atenciosamente.

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