segunda-feira, 25 de junho de 2012

O que pesa mais no Brasil? Impostos ou baixo investimento?

Me surpreendeu muito a observação feita por um integrante de uma comissão alemã que visitou regiões agropecuárias no sul do Brasil em maio deste ano onde comentou que a competitividade brasileira no agronegócio é muito elevada. O mesmo comentou inclusive acreditar que a eficiência em alguns setores supera a dos europeus de modo geral.

O que não me surpreendeu foi a alegação de que o Brasil só não ganha essa “concorrência” mundial por conta dos gargalos de logística, o famoso custo Brasil.

Não bastasse a alta carga de impostos que toda a economia tem de pagar ao governo, a estrutura básica, principalmente para o agronegócio e a indústria brasileira, é deficiente. Essa estrutura de forma bem simples engloba logística, energia e burocracia, fatores preponderantes para o bom desenvolvimento da economia.

O governo por sua vez parece ignorar esses problemas. Em momentos de crise ou dificuldade o que vemos são cortes nos impostos de maneira paliativa com o intuito de aliviar a pressão sobre os setores produtivos da economia, sendo que bem no final das contas o imposto nem é o grande vilão para a economia privada, uma vez que a população já está habituada a trabalhar nesse cenário de altos impostos. O grande vilão é sem dúvida nenhuma o custo Brasil.

Segundo um levantamento do FMI, em comparação aos EUA, o Brasil tem apenas 7% de vantagem no quesito custo (índice de custo de produção elaborado pelo Banco Mundial) enquanto que a China e a Índia possuem mais de 25% de vantagem. E nesse índice não entram pontos como mão-de-obra barata dos países asiáticos. México e Rússia também se encontram bem à frente do Brasil nessa comparação.

O Brasil bem que está tentando alcançar o famoso país do futuro que os militares prometeram no século passado, porém tem o rabo preso em um enorme peso chamado custo Brasil e que até hoje nenhum governo explicitamente se dispôs a resolver. O tal do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), apesar de possuir orçamentos exorbitantes, trará resultados pífios frente à demanda da economia nos próximos anos.

Portanto, no Brasil hoje a reclamação não deveria ser contra os altos impostos, mas sim contra a falta de investimentos por parte do governo na economia. Todos nós sabemos do alto custo, da ineficiência e da morosidade que tem a máquina pública brasileira hoje, mas devemos ficar mais atentos à falta de investimentos na economia.

Enfim, o problema é o custo, Brasil.