quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Novo Tripé da Economia Brasileira


A equipe econômica Dilma Rousseff

A notícia foi divulgada ontem: a presidente eleita Dilma Rousseff definiu a equipe econômica que assumirá os cargos a partir do ano que vem. Essa notícia repercutiu positivamente no mercado, não somente aqui como no exterior também já que a atual equipe não é vista como a mais promissora, por ser conservadora demais.

A nova equipe será composta pelo atual Ministro da Fazenda, Guido Mantega, que seguirá no cargo; por Alexandre Tombini, que substituirá Henrique Meirelles na presidência do Banco Central e por Miriam Belchior, que substituirá Paulo Bernardo no Ministério do Planejamento.

O jornal britânico Financial Times, o primeiro entre os grandes veículos internacionais de informações financeiras a noticiar a confirmação oficial de que o economista Alexandre Tombini ocupará o cargo no Banco Central, destacou que ele é um dos arquitetos do sistemas de metas de inflação. Entre março de 1999 e junho de 2001, no início das metas de inflação, ele trabalhou com Armínio Fraga nos estudos sobre o sistema de metas, assim como na regulação do setor financeiro, com ênfase em risco de mercado. Essa notícia ganhou ainda mais importância depois que o Barclays, um dos maiores bancos do mundo, chegou a afirmar que o sistema de metas de inflação corria sérios riscos caso Meirelles saísse da presidência do BC.

Inicialmente o discurso da nova equipe segue sendo o de autonomia total do BC, de compromisso com corte de gastos de custeio da máquina pública, redução da dívida pública e obediência às metas de inflação. Era tudo que o mercado gostaria de ouvir.

No mercado financeiro, a notícia foi recebida com certo otimismo. Ontem, o comportamento das taxas de juros no mercado futuro da BM&FBovespa tiveram alta no curto prazo e queda no longo, o que reflete a expectativa do mercado em relação à nova equipe. Com a inflação batendo máximas a cada dia neste final de ano, acima da meta de 4,5% para este ano inclusive, o mercado acredita que a única saída emergencial será um aumento na taxa de juro básico (SELIC) no começo de 2011, abrindo espaço assim para quedas nos anos seguintes.

A Reuters organizou um evento em São Paulo onde grandes empresários se reuniram para discutir as perspectivas econômicas para o próximo governo. Alguns nomes do empresariado falaram sobre o assunto, de acordo com a Reuters:
- “Se a Dilma mantiver os pilares da política macroeconômica eu estou feliz com o Brasil nos próximos quatro anos.” Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa.
- “Eu acho que ela (Dilma) vai surpreender positivamente com a seriedade com que ela vai atacar o déficit (das contas públicas).” Zeca Grabowsky, presidente da PDG Realty.
- “Não há almoço grátis. Para que as taxas de juros caiam, a política fiscal precisa ajudar.” Roberto Setúbal, presidente do Itaú Unibanco.
- “Acho que a prioridade em termos de alívio tributário deve focar em investimentos e exportações.” Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No final das contas, o que muda para o mercado como um todo?

Teoricamente a entrada de Tombini na presidência do BC muda a cara da política monetária do governo, o que é positivo, já que o atual governo só pensa em arrecadação de impostos e gastos públicos. A partir de agora a equipe econômica deverá trabalhar para reduzir os juros e terá de enfrentar a pressão dos bancos para aumentar o compulsório. Fazendo essa troca, a inflação poderá ser combatida com maior eficiência e os gastos públicos com os juros da dívida diminuirão. Quem perde e quem ganha com isso?

O lado perdedor, caso essa linha de trabalho se concretize, será o dos Bancos, os investidores em renda fixa (poupança, CDB´s, etc.) e as empresas importadoras. Quem sai ganhando com isso é a população brasileira, as empresas de capital aberto, inclusive as micro e pequenas empresas, os exportadores, o próprio governo e os investidores em renda variável; e isso sem esmiuçar toda a economia nacional, que com certeza será beneficiada caso isso se concretize.

Atenciosamente.

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