terça-feira, 21 de setembro de 2010

O seriado “Sex and The City” e as finanças femininas


A ascensão profissional da mulher pode repercutir na economia de diferentes maneiras. Estudos mostram que, em apenas 17 anos, subiu de 39% para 60% a participação delas no mercado de trabalho. De olho nesse público, muitos apontam as empresas de consumo feminino como grandes candidatas a vedetes na bolsa na próxima década. Mas nem todo mundo pensa em fazer as mulheres gastarem o que ganham. Existem empresas interessadas em ajudá-las a poupar.

Desde 2002, a participação da mulher na bolsa tem aumentado gradualmente. Exceto pela crise no ano passado, que assustou muita gente, vemos um crescimento médio anual de 1% na fatia de mulheres na bolsa. Em 2009, essa participação chegou a 23% do total.

Recentemente um estudo conduzido nos EUA pela “Survey Sampling” apontou para semelhanças e diferenças no comportamento de investidores homens e mulheres, confirmando uma percepção que já tínhamos: a mulher tem mais disposição para aprender sobre finanças.

Observando esses movimentos e levando em conta alguns padrões de comportamento da mulher moderna, é possível traçar alguns perfis de investimento. O seriado americano “Sex and The City”, por exemplo, pode ser uma boa referência nesse sentido.
Carrie, a colunista do jornal e amante dos sapatos Manolo Blanc, simboliza um caso típico de consumista que não aprendeu a organizar sua vida financeira. Quando acordar, perceberá que os investimentos podem ajudá-la a comprar muito mais sapatos, desde que controle seus impulsos.

Já a romântica e delicada Charlotte, que deseja casar e ter filhos, consegue poupar, mas tem dúvidas em como e onde investir. Insegura, ela não gosta de correr riscos e investe sempre em renda fixa.

Samantha, a loira resolvida, gosta da adrenalina do mercado e investe tudo na bolsa. Ela opera pela mesa, onde conversa e flerta com os “yuppies” da corretora e se excita com o sobe e desce das ações.

Das quatro personagens do seriado, a advogada Miranda é aquela que tem mais consciência de suas finanças pessoais. A ruiva sabe exatamente quanto ganha, gasta e sobra pára investir. Miranda tem um perfil moderado e diversifica seus investimentos em renda fixa, multimercado e ações. Prática, realiza todas as operações pela internet, definindo ela mesma a sua estratégia de investimento.

Como Miranda, muitas mulheres foram atraídas para a bolsa a partir da popularização do home broker, uma ferramenta que trouxe comodidade e agilidade nas operações. Atentas às sutilezas que diferenciam homens de mulheres, algumas corretoras já observam os benefícios de se ter uma equipe de atendimento mais balanceada, composta por ambos os sexos.

Mas existem também inúmeras semelhanças na forma como homens e mulheres atuam na bolsa. Na medida em que cresce o interesse das mulheres pelo mercado de capitais, vemos que elas passam a se envolver com temas que antes interessavam apenas aos homens. Prova disso é a relação que muitas mulheres têm com papéis típicos de investidores grafistas, e que nos revelam uma faceta mais agressiva da personalidade feminina.

Como o espaço que a mulher conquistou no mercado de trabalho e sua importância no mercado de consumo, nada menos natural que ela também adquirir a mesma importância dentro da bolsa.

Talvez por reconhecer que esse é um novo mundo, muitas delas buscam apoio na educação financeira. Segundo o estudo da Survey Sampling, compreender a linguagem dos investimentos é apontado como um desafio por 29% das mulheres, ante apenas 17% dos homens. Não por acaso, a pesquisa revela que desde a crise o interesse em aprender mais sobre investimentos é maior entre as mulheres do que entre os homens.

O progresso financeiro da mulher parece já estar traçado, mas vai exigir uma mudança de postura dela, embora não tão penosa quanto muitos querem fazer crer. O primeiro passo é domar a Carrie que existe dentro de cada mulher. Essa pode parecer uma tarefa difícil, mas quando enxergados os rendimentos, os benefícios do esforço ficam muito mais palpáveis – tão palpáveis quanto os sapatos e bolsas que Carrie certamente compraria com o dinheiro ganho na bolsa.

por Mônica Saccarelli

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