terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Clube dos Ricos e enquanto isso o Brasil...

Na semana passada o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou que aumentará os esforços na busca pela formação de uma zona de livre comércio entre Estados Unidos e União Europeia. Segundo o presidente, os sinais de melhora na economia dos EUA após a crise de 2008 pode já abrir espaço para avançarem no intuito de firmar esse acordo. Já a União Europeia tem todo o interesse na parceria, pois ainda se encontra numa situação complicada com a crise da Zona do Euro.

As negociações devem começar em junho deste ano ainda e são uma grande oportunidade para a União Europeia rejuvenescer os laços políticos com os EUA, num momento em que todas as atenções de quem busca crescimento estão voltadas para a Ásia, com seus grandes mercados emergentes e alto potencial de consumo como China, Índia e Indonésia.

Esse acordo pode criar o maior bloco comercial do mundo, já que somando as economias, o PIB das mesmas ultrapassa a casa dos 30 trilhões de dólares.

No entanto quero chamar a atenção aqui para um fato paralelo a essa notícia: onde está o Brasil nisso tudo? Quieto. Acredito que você deve ter pensado justamente isso. Apesar de o governo brasileiro oficialmente falar que está acompanhando a situação não podemos ignorar o fato de que não está fazendo nada de útil e construtivo em relação ao acordo.

Nos últimos o Brasil só se tem se esforçado em manter vivo o Mercosul, que nada mais é do que um acordo que poucos benefícios traz. Possui uma Argentina decadente, uma Venezuela inadimplente, o Paraguai e o Uruguai, que são economias pequenas para fazerem a diferença na Balança Comercial Brasileira.

Um rápido exemplo são as exportações brasileiras de grãos. Hoje a União Europeia é um dos nossos maiores compradores, porém com a abertura do comércio entre UE e EUA, será que os grãos norte-americanos não entrarão com maior facilidade na UE?

Ao invés de buscar se envolver mais com o “Clube dos Ricos”, que apesar de estarem passando por momentos de crise, continuam sendo os grandes da economia mundial; e com os países asiáticos, fica gastando seus poucos esforços em negociações com governos atrasados e que muitas parecem pouco se importar com os interesses alheios.

Como exemplo, em paralelo, Chile, Peru e Colômbia estão desenvolvendo vários acordos comerciais com os países asiáticos e os Estados Unidos, a fim de expandir o comércio no Pacífico e baixar barreiras tarifárias entre os mesmos.

Resumindo, é melhor o nosso Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, fazer valer mais o seu sobrenome e buscar negócios que realmente interessem ao Brasil e tragam retornos positivos, e não ficar servindo interesses políticos e/ou ideológicos com governos que até hoje aparentam não ter movido dois dedos em prol de um acordo comum de fato, olham apenas para o próprio umbigo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O que pesa mais no Brasil? Impostos ou baixo investimento?

Me surpreendeu muito a observação feita por um integrante de uma comissão alemã que visitou regiões agropecuárias no sul do Brasil em maio deste ano onde comentou que a competitividade brasileira no agronegócio é muito elevada. O mesmo comentou inclusive acreditar que a eficiência em alguns setores supera a dos europeus de modo geral.

O que não me surpreendeu foi a alegação de que o Brasil só não ganha essa “concorrência” mundial por conta dos gargalos de logística, o famoso custo Brasil.

Não bastasse a alta carga de impostos que toda a economia tem de pagar ao governo, a estrutura básica, principalmente para o agronegócio e a indústria brasileira, é deficiente. Essa estrutura de forma bem simples engloba logística, energia e burocracia, fatores preponderantes para o bom desenvolvimento da economia.

O governo por sua vez parece ignorar esses problemas. Em momentos de crise ou dificuldade o que vemos são cortes nos impostos de maneira paliativa com o intuito de aliviar a pressão sobre os setores produtivos da economia, sendo que bem no final das contas o imposto nem é o grande vilão para a economia privada, uma vez que a população já está habituada a trabalhar nesse cenário de altos impostos. O grande vilão é sem dúvida nenhuma o custo Brasil.

Segundo um levantamento do FMI, em comparação aos EUA, o Brasil tem apenas 7% de vantagem no quesito custo (índice de custo de produção elaborado pelo Banco Mundial) enquanto que a China e a Índia possuem mais de 25% de vantagem. E nesse índice não entram pontos como mão-de-obra barata dos países asiáticos. México e Rússia também se encontram bem à frente do Brasil nessa comparação.

O Brasil bem que está tentando alcançar o famoso país do futuro que os militares prometeram no século passado, porém tem o rabo preso em um enorme peso chamado custo Brasil e que até hoje nenhum governo explicitamente se dispôs a resolver. O tal do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), apesar de possuir orçamentos exorbitantes, trará resultados pífios frente à demanda da economia nos próximos anos.

Portanto, no Brasil hoje a reclamação não deveria ser contra os altos impostos, mas sim contra a falta de investimentos por parte do governo na economia. Todos nós sabemos do alto custo, da ineficiência e da morosidade que tem a máquina pública brasileira hoje, mas devemos ficar mais atentos à falta de investimentos na economia.

Enfim, o problema é o custo, Brasil.

domingo, 4 de março de 2012

Segurança: vício ou saúde?

SEU DINHEIRO NÃO RENDE O QUANTO VOCÊ GOSTARIA?

Quando falamos em investimentos ou aplicações financeiras a primeira coisa que vêm à mente das pessoas é a segurança. De modo geral isso não é algo inerente aos brasileiros apenas e a ciência aponta uma explicação para esse fato. Trata-se de uma característica humana conhecida como efeito familiaridade, quando leva o cérebro a associar o que é conhecido à segurança.

Esse efeito acontece com o ser humano desde a idade da pedra. Nossos antepassados, ao avistarem um animal pela segunda vez, tinham certeza de que ele provavelmente era inofensivo, afinal tinham sobrevivido ao primeiro encontro. Até aí tudo bem, o problema acaba surgindo nos dias atuais, com as demais situações com as quais o ser humano se depara no dia-a-dia.

Na hora de investir isso tudo significa dar preferência para as aplicações e investimentos mais conhecidos das pessoas, problema é que na maior parte dos casos estaremos falando das aplicações menos rentáveis.

Esse efeito familiaridade é tão presente nas finanças que até mesmo os especialistas, investidores qualificados, gestores de fundos de pensão e experts do mercado financeiro evitam certos tipos de aplicações.

A verdadeira de que quanto maior o retorno, maior o risco acaba assustando as pessoas de aplicações que poderiam gerar maiores benefícios ao seu patrimônio. A falha dessa afirmação é que as pessoas esquecem de falar que o risco é controlável, por mais arrojada que possa parecer a aplicação.

Além da segurança, outro fator que caminha junto e atrapalha a rentabilidade das aplicações da maioria das pessoas, é a preguiça de pensar naquilo que é considerado complicado. Em muitos casos, quando uma pessoa é confrontada com uma nova possibilidade de aplicação, por mais que isso soe bem, prefere ficar com “o de sempre”, por pensar que já que nunca teve problemas onde está, então que continue assim.

O ideal, portanto, é que pratiquemos sempre o nosso cérebro para que seja treinado para investir de modo racional e objetivo. O objetivo de um investimento não é a segurança e sim a rentabilidade e é nisso que devemos focar. Obviamente que em segundo plano, a segurança é incluída, buscando assim sempre o investimento com maior potencial de rentabilidade e com risco controlado e não um investimento com menor risco possível e rentabilidade baixíssima.



De acordo com alguns especialistas em finanças pessoais, algumas atividades podem lhe ajudar a desenvolver uma mente aberta para investimentos:
- estude sobre diferentes investimentos e mercados;
- converse com gestores, consultores e profissionais de confiança (não apenas com seu gerente no banco);
- compartilhe ideias e experiências com quem já aplicou em investimentos fora do convencional e descubra os prós e contras de cada coisa e o porquê disso;
- trace metas possíveis para curto, médio e longo prazo;
- faça aplicações diferentes, por mais que utilize um percentual baixo do seu capital, para cada meta que possui;
- sempre reveja as suas aplicações;

Guardar dinheiro por guardar, aplicando em poupança ou guardando embaixo do colchão, não vai lhe tornar um investidor de sucesso muito menos servirá de exemplo para outras pessoas que estão em busca de aplicações financeiras adequadas. E pior, você pode até estar correndo o risco de seu dinheiro estar se desvalorizando em valores reais, diminuindo seu poder de compra.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ouro - mais barato do que você pensa

É muito raro ouvir falar de alguém que investe em ouro, até porque essa modalidade de investimento não é muito comum no Brasil. Por se tratar de um metal precioso, de alto valor financeiro, investimentos em ouro soam como algo distante à maioria das pessoas, o que não é verdade. Veremos aqui que se trata de um investimento bem acessível, mais até do que a maior parte das pessoas acredita e isso pode ser um ótimo negócio.

Em tempos de crise mundial, como vimos em 2008 e estamos sentindo ainda este ano, o ouro costuma aparecer nas manchetes como sendo uma aplicação segura e que pode trazer bons resultados em meio às turbulências do mercado. Isso não ocorre simplesmente pelo fato de ser um metal precioso. Quando as economias mundiais começam a apresentar problemas e os sinais de uma crise começam a ficar mais claros, os grandes investidores costumam migrar seus investimentos das aplicações de maior risco, como ações, para aplicações mais seguras, como commodities, dentre elas o ouro. Por isso é comum a valorização das commodities em tempos de crise.

Além disso, o ouro é a base da referência de valor financeiro no mundo, ou seja, se as moedas dos países se desvalorizassem em uma situação hipotética, e o dinheiro em circulação não valesse mais nada, as únicas coisas que teriam valor seriam as commodities, como petróleo, ouro, prata, etc.; e quando falamos de commodities, o ouro é a que possui maior valor financeiro.

Enfim, investir em ouro, além dessa questão toda da estabilidade e da sensação de segurança, pode se traduzir em bons retornos também, mas o ideal é nunca pensar no curto prazo. No momento atual, onde a Crise Européia e problemas na economia mundial assolam o mercado financeiro, o ouro tem se valorizado de forma consistente e muitos analistas apostam que esse ritmo deve continuar.

A cotação do ouro pode disparar até 600% nos próximos anos se a economia mundial entrar em colapso, afirmou hoje Paul Brodsky, gestor de investimentos da QB Asset Management, em uma conferência em Nova York. Atualmente negociado pouco abaixo de 1.700 dólares a onça (medida equivalente a 28,35 gramas) no mercado internacional, o metal poderia chega a nada menos do que 10.000 dólares.

Claro que essa previsão soa um tanto quanto exagerada, porém segundo Brodsky, os países desenvolvidos têm tomado medidas para desvalorizar suas moedas como forma de reativar as próprias economias. A China já mantém uma política de câmbio praticamente fixo e desvalorizado há vários anos. Com a fraqueza do dólar, o lastro para o valor da moeda de cada país não poderia ser dado pelo dinheiro americano. Restaria aos países, portanto, acumular reservas em ouro para garantir o valor da moeda local.

O ouro já subiu 18% neste ano e chegou a 1.676,60 dólares a onça nos Estados Unidos. Trata-se do 11º ano seguido de valorização do metal. A maioria dos especialistas alerta que já pode ser tarde demais para investir em ouro porque os preços estão 800% acima das cotações de 2000. Quem mesmo assim estiver disposto a comprar o metal pode no Brasil fazer isso de cinco maneiras:

- Contratos negociados na Bolsa (BM&F);
- Comprar barras de ouro no mercado de balcão (entrega física);
- Aplicar em Fundos de capital protegido;
- Comprar jóias;
- Comprar ouro no mercado informal.

A meu ver, a melhor forma de se investir em ouro no Brasil atualmente é através da Bolsa, a BM&FBOVESPA, comprando contratos de ouro disponível, ou seja, certificados com lastro em ouro físico, basicamente ouro fino, sob forma de lingote, fundido por empresa refinadora e custodiado em instituição depositária, ambas credenciadas pela BM&F.

Caso você deseje, pode retirar esse ouro da instituição custodiante, porém a não ser que você realmente faça muita questão, não é algo recomendável. Ao retirar da instituição depositária o ouro perde seu lacre e deixa de ser um ativo financeiro, passando a ser negociado como uma commodity, um metal, no caso ouro físico. Para o ouro novamente retornar a ser ativo financeiro é necessário voltar à ponta do ciclo, ou seja, à fundidora, e o investidor deve arcar com todo o custo de refino, fundição e certificação.

Porém, falando de valores, o que pouca gente sabe, é que o ouro negociado em Bolsa possui o lote padrão de 250 gramas, que equivale atualmente a cerca de R$ 23 mil. O que muita pouca gente sabe ainda é que existem lotes fracionários, onde você pode negociar lotes de 10 gramas e até de 0,225 gramas, que equivalem atualmente a cerca de R$ 930,00 e R$ 21,00 respectivamente. O único ponto a ser observado é que esses lotes fracionários não podem ser retirados em barras de ouro. Caso você deseje isso é necessário possuir ao menos 250 gramas de ouro.

Portanto, o ouro é sim um investimento acessível, e se feito de forma planejada, pode trazer bons retornos além de garantir uma certa tranquilidade, até porque por mais que a cotação do ouro caia, em determinado momento sua tendência caminhará para a alta.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O Mercado de Commodities no Brasil


No último ano um dos assuntos mais abordados pela mídia ampla foi a alta dos preços da commodities, considerada inclusive a vilã da alta da inflação no Brasil nos últimos meses.

Basicamente o mercado de commodities envolve a cadeia produtiva de cada produto, com todos os seus agentes. Porém o mercado de commodities que eu gostaria de tratar aqui é o Mercado Futuro de Commodities no Brasil.

Se a Bolsa de Valores no Brasil já é algo pouco conhecido, quanto mais o Mercado de Commodities Agropecuárias, negociadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros, a BM&F, braço de Mercados Futuros da bolsa brasileira, a BM&FBovespa.

Esse mercado foi desenvolvido com o intuito de fornecer ferramentas financeiras de proteção de preço para os agentes envolvidos na cadeia produtiva. Por exemplo, um produtor de milho, que está iniciando o plantio da sua lavoura e não sabe o preço que irá receber pela sua produção no momento da colheita, pode se dirigir à Bolsa de Mercadorias e Futuros e efetuar o que chamamos de HEDGE, ou seja, uma proteção de preço, que nesse caso nada mais do que uma venda de um contrato futuro, com data de vencimento próxima ao período em que está programando a colheita da sua lavoura. Dessa forma o produtor tem condições de travar seu preço de venda e garantir que receberá determinado valor pela sua produção de milho.

O que muitos não sabem porém é que esse mercado é aberto para todas as pessoas que tenham interesse em aplicar nos produtos disponibilizados, através da negociação de contratos futuros. No caso da bolsa brasileira, os principais contratos futuros agropecuários negociados são: Café, Milho, Soja, Boi Gordo e Etanol.

Ao contrário do que você pode estar imaginando também não são necessárias elevadas quantidas de dinheiro para fazer o uso desse mercado ou para especular nos preços dos contratos futuros. Para se ter idéia, um contrato futuro de milho exige que você deposite um valor de garantia inicial de aproximadamente R$ 1.000,00 (valor que varia de acordo com a cotação do milho). É claro que temos que ter em mente que esse tipo de operação, quando se está apenas especulando, que não é o caso de um agricultor, um pecuarista ou uma empresa beneficiadora, envolve riscos, justamente por se tratar de um mercado de alta alavancagem. Portanto, para cada contrato de milho o ideal é que se tenha um pouco mais que esses R$ 1.000,00 iniciais, pelo menos o dobro deste valor.

De modo geral, esse tema ainda é totalmente cru para a maioria das pessoas e para fazer-se entender exatamente o funcionamento básico desse mercado necessitaríamos de muito mais tempo para que pudesse explicar todos os detalhes. O intuito aqui é de tomar conhecimento das possibilidades que temos com essa modalidade de investimento que além de tudo é intimamente ligada ao trabalho de muitas pessoas desde a agricultura e a pecuária até a indústria de transformação e o mercado consumidor.

Portanto, quando vemos e ouvimos que a alta das commodities aparentemente é algo nocivo para o nosso bolso, por inflar o preço dos alimentos, vale a pena lembrar que qualquer pessoa pode sim investir nesse mercado e não só se defender dessa alta dos preços, mas também obter bons ganhos com ela.